LUA NUA

Debruçada na janela,

Via-se a caminhar,

No outro lado da rua

Com passos largos,

E de corpo,

Nua...

Foi assim que ela se via

Do outro lado da rua

Completamente,

Sua...

Era final de tarde,

Aproximava-se a lua

Debruçada naquela janela

Inebriando-se pela miragem

Imaginando-se,

Nua...

E daquela janela

Totalmente nua

Sentia o corpo aquietar-se

Como se fosse dona,

Da rua...

Os pássaros a aninhar-se

Nas copas daquelas arvores

Deixavam a rua deserta...

E sem tempo para vida,

Por de trás daquele cenário

Balançavam-se as cortinas...

E nas transparências da vidraça

Daquela janela,

Muito embora menina,

Via-se completamente.

Nua...