"O Poeta é como o príncipe das nuvens,
suas asas de gigante não o deixam caminhar."
                        Baudelaire

Inspirado em: "Na madrugada contigo"
              de: Kathteen Lessa


Madrugada insone sangra corpo, alma e coração e tudo mais distante, além dos Jardins do Éden. Madrugada maldita e insone madrugada...Nos braços dos teus abraços voo e dando nó em pingos d'água, silente de nuvens, nuvens ao desejo do vento. Silêncios antes de temporais, calmaria de solavancos feito embarcações no cais em mar-calmaria. Tudo mais espaçoso e espeço que noites sem estrelas nem luares, mas indo e vindo feito embarcações no cais. Noite sem despedida, sem abraço, nem soluço, sem trégua e sem magoas. Nem um pingo de ressentimento, nos lençóis brancos e dourados da poesia. Sem sombras gigantes nas paredes, sem rede e sem água em moringa. Tudo adormecido e trancado à sete chaves em gavetas. Engoli o segredo das chaves. Nem soluço em romaria nas fronhas dos travesseiros em frenesi. Um quase êxtase do nada. Fundo emaranhado de pensamentos sobre o tudo. E o tudo ficou retido na retina das estradas feito rastro de poeira. Se quase mar, sem oceano de tantos mares desabitados nos Eus em mim. Eram tantos que não cabiam em si, fui matando um a um dos amores perdidos no infinito, jogando pedra sobre pedra no penhasco além dos rochedos que não ficou escombro. Nem pedra sobre pedra. Por isso à Leveza depois do Tombo. Reaprendendo à caminhar cresci sem mãos e fui ganhando dedos aos poucos, e unhas e pernas e movimentos. Balançando areia e vento, furacão e alimentando os trigais da natureza. Me restou desde sempre à palavra e entrego-me a Ela feito sumo à laranja, feito a manga verde ainda, dentro da casca, feito pés de goiabeira. No fundo dos Oceanos, deixei ritmos e rituais feito falta de ar, como quando vamos muito a fundo. Com saliva seca. Ultimo suspiro, quase sempre salvo pelos versos, retorno à tona e respiro. Quando amamos? Sempre que nossos olhares se cruzam e o coração bate o martelo. O resto é pó de poesia, estrela morta, sem brilho, dias e sóis cinzentos. Um por um, um de cada vez. Os instantes atravessam os dias adormecidos no porão da minh'alma. Tudo tem o seu instante exato de encantamento. Isso é  "Felicidade", batendo e entrando e saindo no mais fundo do nosso ser. Romaria nos grãos azuis do deserto, árido e úmido. Quase pálido de tão branco, perdido oceano de areia. Querendo mais e mais no palco da febril poesia. Nunca morro de sede, no palco das canções. Abraços são laços, nó cego que prendem navios no cais. Laços vão sendo cortados com os dentes e navego cego no afã de te encontrar hoje ou amanhã, quiçá....

Tony Bahi@.




 
Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 08/11/2013
Reeditado em 08/11/2013
Código do texto: T4561733
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.