[A minha desútil fala de bêbado]

Eu me espanto ao ler os sinais do mundo... e mais ainda por ser fato que alguns [sinais] eu leio sem tomar tento... E só ao depois, levo um susto agradável quando descubro a “leitura feita” por meio de alguma associação, ou alguma explicação que faltava! Ah, infinitas são as leituras das coisas que a gente faz assim, sem saber que viu, leu... e a maioria se perde, resulta no nada de nada da minha anódina vida...

Mas grande parte da minha leitura desses sinais é consciente mesmo! E então, eu às vezes penso que a minha [escassa] Ciência me abandona no limiar das sensações, das emoções que me causam esses sinais do mundo... E fico assim, quase ébrio, desamparado, guardas baixas, a mercê do que sinto no momento, ao descuido da vigilância da Razão...

Eu não invento a minha vida: eu escrevo o que eu sinto, o que eu vivo. E mais: gostava de gritar tudo que escrevo nas ruas, nos bares, até queria ser preso por pregar poemas em postes e muros... mas não posso — a coragem é fraca! Pois agora, aqui na internet, a gente grita sim, isto é, a gente escreve, e realiza o que diz a música de Milton Nascimento... nem importa se quem abre a página vai mesmo ler, ou só correr os olhos...

Há um risco que aumenta emoção de escrever: gosto de correr o risco de que do outro lado, o lado sempre oculto de mim, exista a possibilidade de a mensagem cair em algum colo interessado em ideias, ou em devaneios... chego a sentir um onda de arrepio quando imagino essa possibilidade!

E se nada acontece, eu o "louco da aldeia", eu, o bêbado inconveniente, apenas mudo de ponto. E torno a falar, falar... falar sem cuidar se sou escutado... ou seja: "se quem pagou quis ouvir".

É mesmo desútil essa minha fala de bêbado? Algumas falas minhas estão por aí, a ser repetidas... Outro dia, num site do qual nem me lembro mais, eu li um comentário sobre um texto meu [“A fina arte da sedução feminina”] que começava assim: “como diria Carlos Rodolfo Stopa...". Espantado, eu apenas sorri, pois essa pessoa não sabe que eu sou "ninguém"!

Enfim, nada a fazer... só escrever e deixar a "paina voar", leve, solta, ao sabor da brisa da web... quem sabe onde irá parar... talvez caia ali mesmo, ao pé do muro do esquecimento, o lugar daqueles que a quem sorte não abraça, não beija...

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[Desterro, 07 de novembro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 07/11/2013
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