PEQUEBRADA VINGANÇA DO POETA FERIDO

Aprumo-me à cadeira, resoluto

Armado pra peleja, tenho a pena

Disposto a revanchar, absoluto

Menelau ou Paris em luta por Helena

Tolo aos olhos do amigo

Tonto pela ânsia do registro

Pasmo pelo prazer do castigo

Pena e pensamento administro

Sincero, me alcançou inerte

Lançou-me à face uma verdade

Pois também preciso que alguém me alerte

Que falsa poesia é auto-piedade

Mágoas ao calabouço !

Ele tem razão, é provável

Afinal, nada menos confiável

Que oscilar na rota corda à qual balouço

Desculpe meu amigo impaciente

Mas, é que o engenho me obriga

Prometo não amolar novamente

E assim escapo vivo desta briga

Sem ressentimentos, juro que sou capaz

Restou somente um lado bom

Passei a escrever em melhor(ou pior?) tom

Mais tolices, que prometo, não verás

Estultices, agora hemorrágicas

Dramas, comédias, as vezes trágicas

Séries, sequências, escalafobéticas

Jogos, trocadilhos, rimas quilométricas

Besteiras inúteis e mal engendradas

Mentiras torpes, fúteis, desconectadas

Falsidades bobas e leviandades

Acrósticos, códigos sem qualquer verdade

Idiotices me vêm aos borbotões

Sorrio de mim mesmo e meus senões

Afinal, meter-me a recitar sermão

A tão vetusto e sábio varão ?

Só mesmo um bobo, tolo, sonhador

Pra acreditar tocar com devaneios

Um coração tão cheio de amor

Este teu amigo, não sabe outros meios

Perdoe-me, repito, se possível

Mas sou-te grato em demasia, acredite

Vou somente cuidar, com bom alvitre

Que não ouças mais sobre este hábito horrível

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 05/11/2013
Reeditado em 01/03/2018
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