ALGAZARRAS
No silêncio de minha voz,
Ouço as algazarras do pensamento,
Em brados de calmaria
A fragmentar-me...
São restos de memórias
Muitas vezes esquecidas
Suportando as marcas
Das escaladas,
Outras vezes das descidas...
Sento-me à cadeira,
A reler os meus escritos,
Em cada verso que encontro
É como se o Eu, jamais tivesse existido...
Deparo-me com uma estranha
A dizer-me coisas que penso,
Invadido a tal privacidade,
Revelando-me em seus pensamentos...
O que fica de verdade
É o que suporta o tempo.
As mentiras!
Essas foram esquecidas,
Perderam-se ao vento...
Com fagulhas de vaidade
Em mistos de saudade
Vou ouvindo os barulhos
Que ajustam-se com o tempo.
E o tempo?
Esse, senhor da vida,
Em gesto de caridade,
Acaricia minha alma
Cicatrizando as feridas.
Albertina Chraim