EU CHORO
Eu choro os nomes que não conheço
Choro suas vidas arrancadas
suas línguas dilaceradas
Choro seus membros pisoteados
e seus ouvidos estourados
Choro por Sebastião Gomes da Silva
Choro por Raimundo, João
e também por José
Choro por tantas Marias e Reginas
Choro pelas crianças de pais e mães desaparecidos
Choro por Ieda, Lydia Monteiro da Silva
e Lorenzo Ismael Vinãs, eu choro
Aos montes
em valas comuns e cemitérios clandestinos
seus ossos repousam ignorados
Nossa Pátria neles reclama suas lutas
em suas memórias pedimos justiça
Gritemos
Nossa Pátria
alquebrada pela espada e bombas
sangra e sangue seco e coagulado pelo tempo
Porém,
não podemos nos calar
Eu choro
choro a lágrima da dor
do corpo humilhado
do ventre estuprado
Choro o choque elétrico
a percorrer o córtex, e a mente para
tudo para
Choro por Epaminondas,
e por tantos outros
Que minha lágrima lhes chegue à memória
Que minha luta não cesse
Posto que partiram e estão em meu coração
Camaradas!
Camaradas os porcos estão ai
Estão ai, prontos à primeira ordem
As bombas às mão e as armas em punho
Camaradas!
Camaradas, que venham
estaremos aqui e lutaremos
Vocês nos ensinaram
Resistir é Preciso
Obs: Por ocasião de visita à exposição Resistir é Preciso no CCBB-SP