Lucidez Embrionária
Uma leve brisa se dirige ao encontro dos sentidos, deste astro que chora, pelo ato nefasto que o contaminou.
Toda a folhagem vai secando, enrugando, e se faz tapete fúnebre, que só fica à espera do novo morador.
O primeiro pronunciamento sufoca todos à sua volta, saindo de uma garganta ROUCA, impondo todo o seu ardor.
A onda incandescente se aproxima, jorrada como sangue fresco, de um corpo sujo, torturado e mutilado.
Já é possível sentir a quentura nos olhos, a frieza nas mãos, e a entrega da mente para o coração.
É cada vez mais frequente uma música agônica que surpreende os tímpanos com sua densa pulsação.
A começar pelas pernas, todo o resto vai submergindo, misturando-se no líquido e após juntando-se ao vapor, enquanto a face se deteriorou.
Também foi perdida a vontade de acordar e, para os átomos agora, não é possível mais pensar.
*Poesia presente em meu primeiro livro intitulado Pensar em Pensar. Mais informações em www.victorcanti.com