o andar da poesia
num dia em que a face ardeu uma luta, havia batalha guerreando a consciência, escorraçando a poesia de dentro dos sonhos líricos românticos que se escondem em certas almas. desnorteada, pegou a estrada que leva ao mundo real e foi se apossando de tudo que via;
havia flores sorrindo
e lágrimas em rostos meninos;
ruas com carros possantes
e ombros sangrentos de
trabalhadores arfantes;
restaurantes exalando comidas
e pratos vazios em becos
e periferias;
políticos de ternos engomados
e lábios famintos em tons
azulados;
hospitais-hotéis com jardins elaborados
e pessoas nas calçadas implorando
cuidados;
madames embelezando seus cachorros
e bebês em lixeiras pedindo
socorro;
algumas pessoas com bandeiras de paz
e muitas outras se corrompendo com o que
lhes satisfaz;
tribunais brincando de fazer justiças
e a confraternização de bandidos
com a policia;
pessoas mortas à flor da idade
e a soberania do país questionando
a invasão da privacidade;
via a democracia apresentada
num quadro desenhada
a giz para um povo que
nada diz...
a poesia andou a esmo e mesmo encontrando fatos risonhos resolveu voltar pra dentro dos sonhos:
- poeta, por favor, deixe-me entrar
que aqui fora não tenho como
encantar!