Verão Insone
E foi numa dessas noites quentes em que a lua derrete-se silenciosamente que minha alma inquieta despedaçou-se em lembranças evanescentes. Como um pintor louco armado perigosamente com cores vivas, mas quase mortas, as tintas da angústia, da desolação e do sorriso efêmero foram esparramadas com força cruel sobre meu peito nu e, com muitas dores, percebi que eram tintas radioativas. Pollock me feriu.
Sobre a fumaça está o reflexo, sob a terra, o petróleo feito do sangue dos corações dos homens tristes. Estaria a perna tremendo ou balançando num ritmo constante e inebriante da mesma forma que um pulsar no céu escuro?
A lua já derreteu por completo e a próxima vítima é o meu coração que já pinga sobre o mesmo chão arenoso onde crescem as madeiras de Agar que agora confortam o que restou do meu espírito.