DEVAGAR COMO FOGO NO MONTURO A SAUDADE INVADIU MEU CORAÇÃO

Hoje lembro o sítio em que vivi

Onde eu peralteava e corria

Tirava até leite da vaca e bebia

Era só brincadeira e diversão

Eu nem tinha medo do trovão

Achava até bonito aqueles tiros

E os cachorros faziam alaridos

Enquanto a gente se sentava no oitão

Devagar como fogo no monturo

A saudade invadiu meu coração

Quando eu saia no quintal

E o bode berrava no chiqueiro

Um galo ciscava no terreiro

Via até um queijo no jirau

A vaca mugindo no curral

O vaqueiro cuidando da boiada

Me dá uma saudade danada

Do tempo que eu morava no sertão

Devagar como fogo no monturo

A saudade invadiu meu coração

Eu deixei uma rede lá na sala

E parti com vontade de voltar

De a cacimba a água degustar

Água fresca barrenta e bem docinha

Também tinha a casa de farinha

Onde todos lá se reuniam

Mas sei que ainda volto um dia

Para sentir novamente essa emoção

Devagar como fogo no monturo

A saudade invadiu meu coração

As vezes lembro o cheiro do mato

De quando eu brincava no terreiro

O orvalho cedo no arvoredo

Eita coisa boa de lembrar

Quero um dia realmente voltar lá

Pra correr naqueles campos novamente

E me banhar naquela água corrente

No açude, no rio – era emoção

Devagar como fogo de monturo

A saudade invadiu meu coração

Então eu vim morar na capital

Trabalhar, estudar e ser decente

Ter a minha vida independente

Nesta linda cidade do Natal

Onde as famosas praias nos encantam

E o sol escaldante não se agüenta

Suportando essas ruas barulhentas

Hoje tenho a minha profissão

Devagar como fogo de monturo

A saudade invadiu meu coração

Ednalva costa
Enviado por Ednalva costa em 20/10/2013
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