DEVAGAR COMO FOGO NO MONTURO A SAUDADE INVADIU MEU CORAÇÃO
Hoje lembro o sítio em que vivi
Onde eu peralteava e corria
Tirava até leite da vaca e bebia
Era só brincadeira e diversão
Eu nem tinha medo do trovão
Achava até bonito aqueles tiros
E os cachorros faziam alaridos
Enquanto a gente se sentava no oitão
Devagar como fogo no monturo
A saudade invadiu meu coração
Quando eu saia no quintal
E o bode berrava no chiqueiro
Um galo ciscava no terreiro
Via até um queijo no jirau
A vaca mugindo no curral
O vaqueiro cuidando da boiada
Me dá uma saudade danada
Do tempo que eu morava no sertão
Devagar como fogo no monturo
A saudade invadiu meu coração
Eu deixei uma rede lá na sala
E parti com vontade de voltar
De a cacimba a água degustar
Água fresca barrenta e bem docinha
Também tinha a casa de farinha
Onde todos lá se reuniam
Mas sei que ainda volto um dia
Para sentir novamente essa emoção
Devagar como fogo no monturo
A saudade invadiu meu coração
As vezes lembro o cheiro do mato
De quando eu brincava no terreiro
O orvalho cedo no arvoredo
Eita coisa boa de lembrar
Quero um dia realmente voltar lá
Pra correr naqueles campos novamente
E me banhar naquela água corrente
No açude, no rio – era emoção
Devagar como fogo de monturo
A saudade invadiu meu coração
Então eu vim morar na capital
Trabalhar, estudar e ser decente
Ter a minha vida independente
Nesta linda cidade do Natal
Onde as famosas praias nos encantam
E o sol escaldante não se agüenta
Suportando essas ruas barulhentas
Hoje tenho a minha profissão
Devagar como fogo de monturo
A saudade invadiu meu coração