A LUZ DA FESTIVA AURORA
Vai, vento sul ou vento norte vibrante,
Leva os queixumes e lamentos .
Corre, vento vadio e errante,
Arrasta os segredos e padecimentos.
Carrega o pranto dos que sofrem.
Passeando por sobre os pântanos ,
vales vazios e sobre as urzes.
Deixa ali , dos desesperados. as cruzes.
Ao passares por montanhas abismais
Joga lá toda a angústia do mundo
que os homens não suportam mais.
E esvazia os corações de tanta saudade
que fere fundo.
Corre por sobre os lugares ermos
largando ali, sem pena, os tormentos
que tanto enredam a alma
e machucam os sentimentos.
Vento frio, uivante, veloz ou não,
vai movendo pra bem longe
todos os temores vulneráveis.
Também qualquer abatimento
e os sons soturnos e indesejáveis.
E o lúgubre e sombrio inverno
para um afastamento eterno.
Mas depois,
oh! força indômita
da Natureza!
Volta aqui,
vazio de tristezas
e repleto de risos.
E traz contigo a luz
da festiva aurora!
E que tu tragas também
os sons de afinadas harpas
para que o sonho há tanto
adormecido,
possa enfim despertar!
E o deserto, de amarguras ausente,
possa enfim exultar!