Sem Alma
Ando sem alma
Com a cara no chão
Cansado
Cansado de esquemas fajutos
De ficar sozinho
De ficar em multidões
Ando sem alma
Sem calma
Só o senhor me acalma
Sinto com o pé na lama
Cheio de impurezas
Cheio de incertezas
Ando sem alma
Mas continuo lutando
Pelos seus e pelos nossos filhos
A chuva continua escura
As noites esfriam meu corpo
Ando sem alma
Vejo os pássaros roucos
Pareço levitar sobre mim mesmo
Perdido e distante
Chorando neste instante
Meio infantil
Meio imbecil
Ando sem alma
Vagando solitariamente
Sofrendo frequentemente
Vejo o muro de casa com lobos uivando
Gatos miando
Uma agonia inquietante
Uma felicidade relutante
Ando sem alma
Meu mundo não para
Persisto com a fé na cara
Mesmo que não pareça
Que minha alma cresça
Mantenho a calma
Pois o distante pode se tornar mais distante
Para isso procuro o vagão
Sobre os trilhos busco a luz
A esperança em mim renasce
O sorriso voltará
O espírito ressuscitará
Ando sem alma
Mas meu corpo se rende a calma
Rendi-me a calma
Ainda assim
Hoje
Ando sem alma
Até este segundo
Não mais
Uma frase que não falarei e redigirei
É a de que
Ando sem alma