* O estresse, a grande inquietação nos rostos e uma forte afobação no ar, conforme podemos perceber, parece sugerir que precisamos parar, sem pressa, para refletir sobre a nossa habitual correria enlouquecida.
 
Resumindo, é vital, sem ter pressa, analisar a pressa depressa.
 
Talvez o ato de refletir sobre a pressa não demore dez ou vinte minutos, no entanto essa reflexão deve começar já.
 
* As crianças modernas estão queimando etapas.
 
A infância, fase das brincadeiras que tanto auxiliam a formação da personalidade, está sendo esquecida, pois, rondando e atrapalhando, prevalece a pressa de crescer.
 
O tempo implacável nos conduzirá à fase adulta.
 
Lá chegando, corremos o risco de lastimar a pressa que nos impediu de aproveitar o instante, no momento adequado, notando que a “afobação” não ajudou nem trouxe mais maturidade.
 
Constatando a estupidez, não adiantará tentar voltar.
Será tarde demais.
 
* As obrigações da rotina fazem as pessoas despertarem com pressa.
 
Há a pressa de sair se acordamos atrasados.
 
O sono não tem pressa, portanto, se o despertador, carrasco contratado pela pressa, não tocar, continuaremos dormindo.
 
No trânsito, todos possuem pressa.
A buzina, usada erroneamente, ressalta a pressa de logo chegar.
 
As sinaleiras recusam ter pressa e seguem o ritmo normal.
 
Os apressados aceleram e são multados, pois os radares, sem pressa, conseguem identificar os condutores infratores.
 
As prefeituras negarão, no entanto, com pressa de aumentar a receita, aprovam a pressa dos motoristas que sempre ganham multas.
Eis a pressa de faturar.
 
* Na hora de sair do trabalho, o melhor é não ter pressa.
 
As vias estão travadas nos horários de pico.
Sem pressa vale a pena ver um filme ou sentar numa lanchonete.
 
No instante de saborear o lanche, é fundamental mastigar sem pressa, evitando que o corpo peça uma ida ao médico apressada.
 
* A pressa, nos relacionamentos, pouco ajuda.
 
Os rapazes costumam ter pressa de transar.
As moças apressam os homem para casar.
 
Após as núpcias, elas querem ter logo um filho.
Ficam com pressa de engravidar.
 
Nasce o bebê, os pais estabelecem, com pressa, mil projetos definindo o futuro da pessoa que acabou de vir ao mundo.
 
A criança cresce absorvendo informações apressadas demais.
Ela brinca com pressa, pois sobra pouco tempo para a diversão.
 
Que desastre!
 
* E quando nos apaixonamos?
 
A mente, sem pressa, insiste em trazer a imagem do ser amado.
 
Existe o anseio apressado de dizer o que sentimos, de beijar com pressa nenhuma, de dançar lentamente até o novo dia que pode surgir sem ter qualquer pressa.
 
Que romântico!
 
* Os fofoqueiros revelam a pressa de falar.
Necessitam contar tudo sobre a vida alheia o mais rápido possível.
 
Quando convivemos com as mulheres, há a pressa de silenciar.
 
O silêncio passa a ser um patrimônio ignorado.
Desesperado o homem infeliz tem inveja dos dias prazerosos que os antigos profetas vivenciavam nos desertos.
 
Os minutos, mergulhados na incansável tagarelice delas, atormentam a mente do varão, que idealiza vê-las mastigando, único instante em que elas calam a boca.
 
Que tormento!
 
* Nas festas, os penetras, temendo que descubram a invasão, esperam com pressa que sirvam os comes e bebes.
 
O dono mostra que tem pressa de colocá-los fora do local.
 
* Parece que, idealizando a volta do Messias, muitos religiosos possuem pressa, mas o sublime nazareno está sereno, sem pressa.
 
Prefere ofertar mais tempo para os homens reencontrarem o caminho que liga ao Pai, conquista possível quando abandonamos as pressas terrenas e desejamos absorver a mensagem do Evangelho nutrindo a maravilhosa pressa de amar.
 
* É fácil notar que os EUA possuem a pressa de vender armas.
 
Investindo bastante na indústria bélica, o país continua incentivando conflitos, tumultuando cá e lá, depois, com bastante cara de pau, surge dizendo que vai derrubar um líder prepotente.
 
O telespectador, sem pressa de raciocinar, vê a notícia e acredita.
 
* Quando a novela das nove faz sucesso, o autor estica os capítulos.
 
Some completamente a pressa de acabar.
 
Nos intervalos, gosto de conferir os canais apressadamente.
Ratinho não tem pressa nenhuma na hora de abrir o DNA.
 
* No Recanto já percebi que os textos apressados agradam mais.
 
Essa pressa vem abraçada com a preguiça de ler textos extensos.
 
Dizem que os meus comentários demonstram pressa.
 
Para escrever um texto razoável, é fundamental ter pouca pressa.
A inspiração vem, sugere, dá as dicas.
O autor namora as idéias para formar, sem pressa, o trabalho.
 
* Quando mostro fotos de mulheres gostosas, os homens conferem, com a libido apressada, a qualidade das curvas exibidas.
 
Caso o conteúdo agrade, os leitores esquecem a pressa.
 
* Só me resta finalizar sem pressa.
 
Confesso, entretanto, que gosto que nasçam os comentários depressa.
 
Acordando apressado ou não, eu garanto que, visitando o Recanto antes de sair ou, no término da noite, esse meu texto estará aguardando sua leitura um pouco triste.
Ele sabe que um novo trabalho o substituirá no dia seguinte.
 
O próximo labor literário chorará a chegada do seu substituto que não adiará a substituição por outra criação que também cederá espaço...

Que confusão!
MInhas publicações seriam apressadas?

Não!
Essa é apenas a dinâmica de quem escreve textos diariamente.
 
*
Não posso terminar
sem antes agradecer
Quem costuma iluminar
só quer me ver vencer
Você é bastante porreta
afobado ou livre da pressa
Vou comprar uma carreta
te colocar ao lado depressa
Quero que siga o meu passo
e receba sempre um abraço
 
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 16/10/2013
Reeditado em 17/10/2013
Código do texto: T4527575
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