E U...

Envolvo-me em pensamentos... E longe muito longe vou.
Penso muito, penso! Percebi que sofro... Caminho!
É em vão essa caminhada, sigo rumo á solidão
Não me assimila a nada, não lembro nada, nada...
Vejo a vida envolta a mim, sinto que existo, sou alguém!
Como todos, como os povos... Vou mais além! Penso, penso
Encontro-me, revejo-me, existo? Como a vida como o sonho!

Sinto que sou algo além do algo! Apenas EU! Como todos os são!
O meu pensar, minha razão de ser, minha existência!  O meu EU,
Sem ambições sem nada, sem alegrias só tristezas...
O meu riso torna-se disfarce de vida... De sonhos, apenas vivo!
E sofro com ela... Sinto que sou inútil sim até demais!
Por que vivo! Nem mesmo sei! Procuro a razão se é que existe...

Tento anulá-la dentro de mim! Não consigo e não conseguirei!
Talvez nunca, só a esperança redime! E nela envolvo-me, sonho, sofro
E nunca percebo o quanto é trágico ter que viver assim nessa busca.
Nem mesmo sei o que procuro, sinto o vazio dentro de mim!
Pois algo está errado... Já nasceu errado!
Não seria eu, nem a vida nem mesmo a esperança...
Nada, somente a realidade do que sou... Do que sei...

O que serei? Pois tudo em vão sem resposta tão inútil!
Serei EU... Sempre EU... Só EU! Sem felicidades, sem futuro
Só sonhos, desejos envoltos, sonhos
Assim descrevo-me, reduzo-me
E nada além do nada... O meu desespero, a minha esperança,
Mostra-me a nula existência. Ficando apenas EU!
Somente Eu! E os desencantos do meu 24 anos!
(06/1972)