TU E EU

Diante daquela imensidão azul

e com as ondas tecendo rendas

sobre a areia cansada a se renovar,

estávamos como quem está a sonhar.

Os olhos fechados , as mãos entrelaçadas

e os lábios mudos em mágica comunhão.

Porque a felicidade, às vezes, de regozijo

saltita, mas também emudece de fruição.

Não sei quanto tempo durou aquele

estado de enlevados reféns, até que

de qualquer não-sei-quê os olhos abrimos

e as bocas também.

Já não sentíamos a brisa marinha

e seu sopro perfeito

acariciando os nossos rostos contrafeitos.

Só queríamos sair e cada um com a liberdade

de ser senhor(a) da sua própria verdade.

Separamo-nos. Que noite angustiada!

E pensar que fora tudo por um nada!

Um motivo tão banal, nem como o

mar profundo, nem como grande o mundo...

Mas, passada a trevosa noite,

como sempre, vem o dia radiante .

E sem que meu coração esperasse

tu chegaste e me sorriste confiante.

Tivemos então a nossa grande certeza:

Simplesmente eu agitada compreendi:

Como poderia eu ficar sem ti ?

E com precisão tu viste enfim :

Como poderias viver sem mim?

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 12/10/2013
Reeditado em 28/10/2013
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