CHEIRAR A SOL

Chuveiro imenso

Por dez dias,

Esponja que não seca.

Até a alma

Na cidade cinza

Sentia-se mofar.

Esta semana

O céu fez-se anil

O sol não se escondeu

Riu, vibrou, apareceu

Mesmo frio,

Deu vida ao dia

E paz à noite.

Acordei feliz.

Desejei beber o sol

Comer o sol

Me alimentar de sol.

Antes de sair

Desarrumei a cama:

Cobertor e colcha no varal

Ao chegar

Estico, arrumo, aprumo.

Pouco custa.

Vou dormir energizada,

Cheirar a sol.

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Maria da Glória Perez Delgado Sanches

Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.