Declara-te para qualquer fim

Noite clara

Jogo de uma dama

Uma ama a alimentar-te os deleites

Na cama enlaçado nas teias da aranha

Fecha-te nos braços de aço

Não sufoca, mas aperta-te.

Belas telas

Rosas pernas

Envolto no puro linho de mil tramas

Carinhos, privilégios, caros vinhos em elísios campos.

Funde-se

Confunde-se nos apegos

Faces, quantas tens transvestidas em amor?

Mas e naquela noite em que perdeste o sono

Naqueles minutos insones em que virastes de lado

Em que as asas da lembrança acharam pouso

E dos olhos irreverentes, sem pedir licença, vieram às lágrimas.

Aquele riso descarado

O chão nu, não forrado.

O lanche improvisado

Algumas velas

Nenhuma declaração foi necessária

Não havia fim nem meios

Só ardia a chama do amor inteiro.

*Cristina Cassão