SEPTAL de: Osmarosman Aedo

Esqueça que fui ombro

Quando em teus devaneios que inspiravam cuidados,

O fiz de cama e travesseiro

Para que não sentistes o quanto doía a dor que sentias;

Esqueça que fui estrela

Quando em teu céu só haviam nuvens de chumbo

Prestes a desabar por sobre teu frágil corpo

Onde te guardava uma alma macia;

Esqueça que fui boca

Quando tuas palavras não achavam rumo

E que como um garimpeiro de frases,

As confortei para que tomassem forma em tua razão;

Esqueça que fui ponte

Quando sem forças tentavas atravessar à nado

Um rio caudaloso repleto de armadilhas

Mas, que com minha sabedoria de amigo

Além de construir uma jangada feita de algas

Ainda fui sua heroica tripulação, naquela jornada;

Esqueça que me atirei dos olhos ( como se precipício fossem )

De quando o que enxergavam em ti,

Eram sombras à noite e que teus vagalumes

Nada mais eram que vislumbres da insonia;

Esqueça do quanto fui paciente

Mesmo quando desnorteada não distinguia

Tão claramente quem estava a teu lado,

Atingindo meu orgulho em ser PAR

Com discursos que nunca soube, do estrago que em mim faziam...

Fui tudo em teus pardos dias e muito mais

Quando teus pardos queriam tornar-se negros

Derivando teus naúfragos desejos

Em pedidos de socorro feitos por teus olhos...

Esqueça,

Ainda que tentes resgatar a menor partícula

Do que possa ter sobrevivido a tantos nãos, esqueça...

Mas lembre-se

Nunca fui outro que não fosse eu.

Osmarosman Aedo

2.000 de quando fomos UM