Luz

O que houve com a geleira,

onde foi parar toda espessura mórbida e infértil?

outrora uma morada de adeus

uma terra desabitada e sem perfume

o que houve com o medo

espírito perdido que pairava em meu peito

onde se ocultou ou para onde partiu?

aquele habitante não humano que por anos me encarcerou?

hoje dentro de mim habita o sol

uma luz intensa que não me permite adormecer

preciso viver para usufruir desse dia

um dia eterno que não declina

hoje sei que o sol

além de iluminar as trevas

derreteu as geleiras

exterminou o medo

trouxe para dentro da minha cabana à beira mar

um habitante de feições humanas

que se assemelha ao Divino

para me recriar

Fazer novamente do pó

dessa vez acrescentou-me asas

dessa vez dotou-me de pudor

de leveza, de simplicidade,

este novo e tão antigo ser

um ex-estranho, adoçado com afeto

ensinou-me a despir-me

despir-me do que não importa

Fez-me vestir um verbo

fez-me declamar um projeto

fez-me exorcizar meus sonhos

e torná-los reais

hoje conjugo o amor

executo os alicerces

e levito como num sonho

caminhando à beira mar

Mamamuchima
Enviado por Mamamuchima em 06/10/2013
Código do texto: T4513495
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.