Casos e fardos

Minhas melhores poesias fiz do lamento

No esquife, encovada no esquálido fosso

Enquanto a trova para mim sorria

Fronte a fronte como facho no breu.

As rimas mais bonitas lancei aos ventos

No dorso de um corcel cor-da-noite

E dei a ele algures outro nome

Atribuindo afã suas feridas

E contos, à sua crina indomável

Espalhadas no galope fero de poesia.

Do mais puro, ao mais pútrido

Na mais profunda alcova estão;

Escorridos na chuva

Retorcidos de medo

Esgueirando pelos cantos.

Cingindo as estribeiras

Fardos não faltam para escórias

Rotineiros alaridos de açoite.

Exaurindo quantos lombos

À carregar um Calibã inteiro

O que foi alívio, hoje calvário.

A cólera nunca se foi.

Exorcista
Enviado por Exorcista em 02/10/2013
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