Entrelaçando natureza e vida!
Há três meses, trouxe pencas de bananas verdes da casa de minha mãe. Estavam no quintal “de cima”, como chamamos desde a infância, parte do quintal do grande terreno de árvores e flores que nasci. Estavam realmente muito verdes, mas, a impossibilidade física de subir sozinha para apanhá-las, fez com que mamãe me pedisse para trazê-las. “Vão estragar no pé...”, disse ela.
As bananas ficaram na fruteira sem nenhum sinal de amadurecimento, quase todos os dias as observava e, confesso que fui desistindo da possibilidade de comê-las. Alguém passava e dizia: “Jogue fora, não vão amadurecer!” Mas, sou insistente... Fui observando e vigiando se apareciam tons amarelados ou, sutis sinais que demonstrassem que a persistência e o tempo me ofereceriam doces e tenros frutos.
Não as coloquei em plásticos ou caixas fechadas para que amadurecessem mais depressa, forçadas pelo calor da estufa e menos saborosas. Acordava cedo, como sempre faço, mudava-as de lugar e esperava.
Certa manhã olhei novamente para as pencas verdes e pensei: “Penso mesmo que não irão amadurecer, amanhã vou me desfazer delas!” No dia seguinte, busquei uma sacola plástica e comecei a retirar os frutos, afinal, eram três meses de espera... Pois qual não foi minha surpresa, quando percebi que algumas amadureciam, tons amarelos esverdeados. Desisti do descarte e esperei... Poucos dias depois, saboreei a primeira... Doce, simplesmente e naturalmente, doce!
Tanto floreio e história me fez refletir sobre relacionamentos e pessoas. Por vezes, nos deparamos com seres humanos que passam a fazer parte de nossas histórias. Dominados por nossas paixões primevas, investimos no crescimento e amadurecimento dos mesmos. Nossa sede de que se adaptem aos nossos sonhos e desejos, nosso anseio de que cumpram e resgatem nossas vidas não vividas, por vezes, nos cega. Depois de um tempo de delírio, de entrega, começamos a exigir que o outro seja nosso espelho, que correspondam às nossas expectativas. O fato é que o tempo do outro não corresponde ao nosso e, pensamos em desistir ou até desistimos. O amadurecimento paulatino, lento e inviolável nosso ou de quem quer que seja, independe da vontade, requer paciência. Ninguém é ou será porque o outro deseja que seja! Ensinamento que a própria natureza traduz.
O Amor também se constrói e consiste desse olhar paciente sobre aquele que conosco vive e convive. Certamente, se observássemos e esperássemos mais um pouco, muitas dores evitaríamos, muitas mágoas deixariam de existir. Não há estufas que acelerem o que só o tempo, o trabalho, a paciência e a fé podem conduzir sem atropelos e consternações.