Outra Poesia
(quatro momentos)
No meio da noite, as palavras se entrecruzavam como balas perdidas. No quintal, olhávamos pro céu e víamos fogos de artifício que pareciam colidir com as estrelas. Estávamos em junho, no meio do ano, os namorados no meio do mês..., mas já não era meio-dia.
Em suas toscas preocupações, as incertezas procuravam por uma saudade. Talvez escondida debaixo da mesa da contemporaneidade. Incertezas que se confessavam desiludidas com o sentido da vida. Com medo de se acharem imbuídas de insensibilidade, chamaram as mentiras pra perto. Pra rirem da realidade.
Os jagunços tosquiavam as ovelhas, mantendo as orelhas abertas. Tinham medo do vento. Que se tornava violento se não trabalhassem direito. No fim do dia, o chocalho era o seu agasalho. E eles contentes dançavam, com sua mulheres troçavam. Tendo em suas orelhas, cada um, um dente de alho. Enquanto as ovelhas pastavam.
Quero-quero me deu um beijo. Não sei de quem foi o desejo. Só sei que virei passarinho. E agora só saio do ninho, pra ouvir o realejo.