O conforto de um refúgio sombrio
Construindo meu castelo de pedra e as altas muralhas que hão de guardar as palavras que um dia tiveram brilho e abrigar os últimos gemidos de uma alegria assassinada ainda jovem.
Fora das muralhas, uma paisagem sombria e desolada se estende para além do alcance da vista.
O vento traz um murmúrio melancólico e um hálito de morte. A chuva persistente revela as lágrimas que os olhos se negaram a derramar.
Onde está o Sol? Passam os dias e ele parece haver se esquecido desta terra tenebrosa.
Ao redor, figuras pálidas e infelizes caminham em círculos, cabisbaixos, levando velhos mantos cinzentos sobre seus corpos espectrais. Querem abrigo, procuram segurança e conforto, mas nada haverá de livrá-los de sua dor, a não ser justamente aquela que tanto temeram no curso de suas breves existências.
A Morte... Ó Senhora dos destinos, nós caminhamos até ti, enquanto outros, muitos outros, são arrastados em desespero. Diante de ti, as vaidades caem prostradas com sua fronte na terra e o mal treme agonizando. Tu percorres a escuridão do silêncio e do ignoto para reclamar teus despojos e quando terminares teu labor, subtraindo da existência o que não tem razão de existir, então sorriremos e um novo dia trará a esperança.
Ó Rainha da Escuridão e da Morte,
Nenhum poder sobre a face deste aflito mundo resistirá à tua vingança.