Chuva de sentimentos
Noite fria, entre um gole de café um turbilhão de pensamentos. Revendo fotos, relembrando desejos. Anseios... Olho fixamente no espelho e vejo alguém semelhante, mas com medo no olhar. Medo se seguir, de se permitir ao mundo novo que lhe aguarda. Um mundo diferente do que estava acostumado. Lembro-me de uma figura, que há muito tempo não via e fico a admirá-la em pensamentos...
Um ar de superioridade vinha daquele lindo rostinho, mas de seu coração apenas um lugar a ser preenchido verdadeiramente. Alguns passos por ali, mas nenhuma pegada marcante... algo que realmente fizesse parte de minha doce ilusão. Outrora alguém pisou, ao invés de acolher. Sua boca escondia o que o coração gritava em silêncio. Um amor mal resolvido, um grito de alerta. E de repente viajo nos pensamentos, imaginando algo que nem aconteceu, ah quisera eu que acontecesse. Um lindo sonho onde jamais gostaria de acordar. Doce ilusão? Talvez. Contudo só saberemos arriscando, nos permitindo.
Um pensamento distante, tão distante quanto as estrelas do céu, tão infinito quando as gotas da chuva fina que cai agora. Olho através da janela do meu quarto e vejo cair lentamente gotículas no papel, ele absorvendo sem querer toda aquela água. Noto que esse papel se compara ao nosso coração: absorvemos todo sentimento sem querer, buscamos entender porque e como as coisas acontecem e não conseguimos nos desprender deles senão com a força do tempo. Sentimentos bons, sentimentos não tão bons assim. Sentimentos apenas. Simples e puros... como explicar assim tão de repente? Tudo na vida há começos, meios e fins. Façamos desse novo caminhar um começo longo, um meio extenso, e um fim inalcançável.