[Seriamente: levar-se... para onde?!]
O quê [sim, isto mesmo: "o quê", acentuado!] ou antes —, e já sendo menos agressivo — quem é aquele sujeito, bípede pensante, é claro, irritadiço, agressivo até, que costuma LEVAR-SE A SERIO? Seria apenas um tipo que afirma acreditar no famoso [e inútil] "conhece-te a ti mesmo", que dizem [eu não vi!], estaria escrito no templo de Apolo, em Delfos?! Eu sei, mas não sei [desconfio apenas] qual relação entre essas duas ideias: uma não implica a outra [ou será que...?]. Mas já que as escrevi, se é para confundir, aí ficam...
Pois eu suspeito que um tal sujeito que se pensa "levar-se a serio" é, simplesmente, alguém que, de fato, não sabe que NÃO SABE, para onde levar-se... Um tipo assim não cantaria aquela soltura de música do Zeca Pagodinho ... Deixa a vida a me levar...
Ah, se eu apenas soubesse para onde levar-me... aonde eu iria, aonde...?! Eu não sei... soubesse, e eu não estaria aqui, sentado, a escrever esse miolo-de-pote! Pensando nos "Dois Caminhos", aquele quadro que havia na marcenaria do seu Orondes [lá em Araguari, é claro], e que tanto me intrigava, eu certamente escolheria o caminho do Inferno! Epicurista, eu?! Será?! Repito Ferreira Gullar: eu não quero ter razão; eu só quero ser feliz [um epicurista, portanto?!].
Como se está a ver, eu descreio de Delfos e seu oráculo, e assim, eu não me levo a serio, e portanto, não sei mesmo para onde me levar, deixo tudo para depois... E se dependesse de minha fraca vontade, eu queria, mas queria mesmo, deixar a vida me levar...
[Sinceramente: eu não sei por que escrevo; nunca saberei. Mas acho que nunca escrevi algo tão serio assim, como este miolo-de-nada...]
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[Desterro, 25 de setembro de 2013]