DEPOIS DA SOLIDÃO
Por mais que relutasse
aquela porta me chamava.
Passei várias vezes diante dela,
fiz de tudo para voltar atrás.
Não consegui. Entrei.
Era uma porta que dava para muitas outras.
Percorri os corredores
abri cada uma delas. Silêncio total.
Era um vazio tão grande dentro da alma
que trazia um aperto muito maior
no coração.
Chamei. Implorei. Nada.
De repente vozes confusas.
Eram os fantasmas do passado.
Não sorriam: riam de mim
e me apontavam no fim do tunel
a última porta. E clamavam
para que eu nela entrasse.
Juro que tentei não entrar. Lutei o quanto pude.
No entanto caminhei em sua direção
e entrei mais uma vez.
Agora já não havia mais o raciocínio.
Eu era comandada por uma força estranha.
Não queria mais nada.
Tudo se tornara feio escuro.
Mas eu queria chorar. Precisava de socorro, sabia.
Mesmo assim fui me deixando levar.
Era real ou irreal o que acontecia?
De repente o turbilhão de desespero me abraçou.
Eu queria morrer. Era só o que eu queria.
Ninguém veio ao meu socorro.
Procurei voltar ao mundo, mas ninguém compreendeu.
Saí pela vida, vi o rio, águas turvas traiçoeiras.
Entrei. Senti a água me cobrir o corpo
e esperei lentamente que a morte me levasse...