Vão-se os dedos ficam os anéis
Meus sábados á noite resumiam-se em demorados passeios pelas ruas mal iluminadas da velha cidade, em que morava desde os tempos de menino. As únicas companhias que me serviam eram meus intermináveis pensamentos e o eco das solas dos meus sapatos velhos ao colidirem com o chão; vez ou outra era interrompido por alguma figura conhecida a me acenar eu eu detinha-me a apenas um cumprimentos formal, eu os invejava por serem tão sinceros.
Caminhando avistei ao longe, vindo em minha direção três amigos que conversavam e riam alto. Observei-os e uma lembrança veio-me a cabeça como um raio.
Inverno de 1875, era tarde da noite e eu estava acompanhado de dois amigos e perto da lareira nós nos confortávamos om o calor da brasa. O assunto mudava a cada vez que víamos que sairia uma discussão, mas destas que não causam a mínima inimizade.
Entre um charuto e outro, entre whiskys e baforadas eis que surge o assunto dinheiro, que por um trato nosso sempre seria deixado por último.
Meu primeiro amigo disse que o dinheiro não era seu problema. Claro, ele tinha uma bela carruagem e ganhava trinta mil por ano, tinha as mais belas mulheres e desfrutava de ótimas condições.
O segundo amigo interveio dizendo que dinheiro não era tudo. Pois bem, ele era casado com uma mulher belíssima tinha lindos filhos e era, a meu ver, muito feliz.
Chegada minha vez, pus-me a pensar. Tinha trinta e cinco anos, era bonito, vivia sozinho, herdara uma boa quantia. Então disse:
- Que eu morra se o que mais quero é dinheiro!
Rindo, um deles me disse:
- Cuidado com o que diz, Jerônimo! Pode mesmo ser as últimas palavras!
O mais engraçado é que dos três sou eu o único que sobrou.