O DIA DA PÁTRIA...
Lamento pelo povo que comemora a ilusão de um país justo...
Onde é preciso escolher um lado, uma cor, um partido...
Escolher entre apanhar ou bater...
Entre ser leal ou correr...
Entre pensar e coerentemente agir... ou sobreviver.
Lamento os valores violados.
As instituições corrompidas.
O retrocesso dos passos.
Os traidores de si mesmos.
Lamento pelo que, estabelecido, não se consuma.
E pelo que, consumado, não se estabelece.
Leis que não regem.
Poder sem mérito.
Povo dividido entre acomodados, fanáticos e perdidos.
E essas malditas bestas que erguem a voz nas ruas...
Lamento-as por insistirem em surgir como aves de mau agouro
anunciando aos cegos a sua escuridão...
Maldita voz das ruas, atemporal, perene, poética primavera,
trágica e blasfema, a impor-se, sazonal
contra tudo que corrompe a adorada terra...
Salve... Salve!