PALAVRA TRISTE
“De onde vem essa palavra triste que abre ferida e sangra de beleza e dor? Que tem a cor de uma tarde que se espanta de sol que morre, e escorre e clama pela estrela? E a estrela tem olho de lua cheia de encanto, e brilha e ilumina a lágrima do meu pranto. E meu pranto é apenas o manto enluarado da noite longa, que se alonga feito légua de saudade e solidão. Solidão pode ser espinho, cardeiro, c’roa de frade que me invade e fere. Dói e perfuma. Feito sonho, talvez pesadelo, que se esfuma e vai se perdendo na brancura da espuma da madrugada. Que orvalha a pétala do lírio e banha o meu peito em delírio de versos de amor. Aos poucos, se faz manhã rimada, que se abre na pele trincada das romãs. E as manhãs são sempre promessas de uma página em branco pra se escrever novas histórias. Bendita palavra alegre/triste que, feito pássaro canoro, em meu peito existe.”
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Para o belíssimo texto CORDÃO UMBILICAL do poeta Tony Bahia.