EFÊMERA ESCRITA
Revelar os segredos,
Perceber os sentidos,
Descerrar os olhos do espírito,
Ouvir a voz da consciência...
Seria essa a efemeridade da escrita?
Um pensamento transitório,
Que vacila entre a realidade e o desejo de libertar o inconsciente
Em forma de grafismo...
Entre linhas curvas humaniza-se os sentimentos,
Transforma em legitimo o que há de mais fugas...
A inquietude transforma em realidade
O que foi desejado e consumido,
Envaidecidamente pelo escritor...
O pensamento desovado nas páginas escritas
Rolam entre os cantos das margens/vida...
E as linhas paralelas entre consciente e inconsciente
Tange o homem em páginas divididas...
Que poder é esse que dá ao jubiloso individuo
Deparar-se com o Outro da busca de si mesmo?
Ao encontrar o Outro até então desconhecido,
O sujeito liberta do pensamento
Tudo aquilo que vai esquecido...
Tal qual loucura insana,
Em forma de palavras profanas
O homem se diverte com a escrita,
Dessa vida leviana...
Revelar-se no papel,
Exige petulância,
De alguém que deseja libertar-se das inscritas mundanas...
No sobe e desce da escrita,
Das linhas tortas de sua vida,
O autor escorrega seus segredos,
Livrando-se do desespero de condenar-se na própria escrita...
Libertar-se de seus temores
Trás para os palcos da vida seus diversos atores...
De bandidos muitas vezes mocinhos,
De adultos as vezes criança,
Nas historias realistas,
Ou nos contos de infância...
Ao sentir tal liberdade,
Livra-se do medo de escrever
E o que lhe era desconhecido autoriza-se a conhecer...
Libertar-se de seus segredos,
Alivia a sua alma,
A escrita profetiza o protagonista de cada história...
Dar a luz a escrita ,
É libertar das trevas as palavras prisioneiras
Das cavernas misteriosas do ventre da vida...
E assim o homem segue a escrita
Como se fosse essa, a única
Forma de não morrer.
Albertina Chraim