Reflexão 2
Lamento que alguns não saibam aproveitar o sumo da existência e passem pela vida, em constante atropelo, sem ver nem sentir esta dádiva que Deus nos proporciona, a vida.
São as árvores que florescem em meio à fuligem que sai dos canos de descarga dos carros e as aves que teimam de nelas se abrigarem, ao entardecer, dos grandes centros.
É a pequena planta que nasce na rachadura do asfalto e dela desabrocham pequenas flores.
É o sorriso puro de uma criança, mesmo que ela não se encontre no padrão que temos de infância.
É o único motorista que para e nos deixar passar no caos do trânsito urbano.
É a mão que se estende para nos impedir de cair nas ruas esburacadas ou, simplesmente, para nos afagar após o susto do tombo possível.
É preciso degustar os preciosos momentos que a vida nos oferece, voando e pousando como quem ainda não sabe voar.
É preciso sem desprezar a razão dar valor ao devaneio que abre a imaginação para a apreciação das pequenas coisas e para a imaginação de tantas outras.
É preciso degustar a vida de acordo como ela vem.
Devagar e suavemente quando doce, quando leve.
Rapidamente quando amargo ou ardente.
Ou, ainda com a elegância de quem come frutos do mar, salpicado com sal e limão, quando crua e estranha à vida nos chegar.
Nada de pressa!
Nada de esquiva!
Pois no fim o que importa é viver cada instante como se fosse o último.