Epígrafe
Ele soa como eu sempre quis que soasse. E outras o escutam. Outras o escutam como eu escuto o sino da igreja respingando restos de cinza em mim, às seis da tarde. Às seis da tarde ouço-o soar, ouço-o cantar e voo. Antes eu costumava planar por sobre as árvores. Desci e pairei, de branco, sobre os desenhos do seu corpo. Agora, deito no frio, não consigo mais me sentir aquecida. Deito no frio e olho para cima. Agora, no fim, as nuvens pairam sobre mim, os pássaros azuis dos poemas planam sobre mim e a folha cai, a poesia cai – o mundo passa.
“De ti conservo na alma a saudade celeste...” – Manuel Bandeira