Mariana voa tranças
Mas e daí se eu quiser dividir meu cabelo em duas tranças com 23 anos, enquanto todos se encaixam nas caixinhas e nos seus apartamentos seguros que não dão trabalho porque não tem que cortar grama?
Eu poderia apenas plantar o que como e passar o dia de botas no jardim, e fazer piquenique do lado de fora com minhas geléias e pães caseiros e meu gato Raj e meu cachorro Fluk e eles até se dariam bem.
E então eu encontraria um amor que iria me entender, iria aprender tantra e iria me ajudar a cuidar daquele jardim que eu falei. Iria cortar grama sem camisa no sol, num fim de tarde calorzinho, e suaria o peito que teria pelos. E eu o beijaria assim mesmo, suado e salgado, e quem sabe ali mesmo eu iria amá-lo. E eu ficaria de tranças e botas o dia inteiro.
Porque eles não entendem que a vida não é uma montanha, ninguém chegará ao topo. A vida é um mar ondulante, com buracos onde menos se espera, e tem peixes ruins e peixes bons. Peixes bonitos e peixes feios. Eles sobem sobem sobem e então caem, porque não perceberam que tudo é liquido. Tem que flutuar.
No fim, todos afundam.