Dizeres
Não quero enfeitar demais essa porta
que me abriu a vida,
eu continuo una na minha substância intangível
eu fui acrescida de uma esperança;
no passado, com olhos de presente,
ria dos sonhos encarcerados
nas histórias de minhas fadas infantis;
o agora trouxe razões para acordar a criança
animar a figura envelhecida de mim mesma;
a porta tem uma fresta
e já me creio eu nela
passada passante
ultrapassante;
os caminhos que até ela me levaram
me fecharam os olhos dos homens,
ela viveu em mim expectativa
e floresceu em mim realidade;
será que a porta tem fundos?
será uma porta que leva às nuvens?
a vassoura galopava
por um mundo sem portas
eu receio passar pela porta sem mundo.