Filhos do nada, na terra da gente
Sendo filho do nada, sobra-me o nunca, sem nome ou morada, sem palavras ou cicatrizes, sem marcas temporais.
Sendo filho do nada sobra-me a memória do que fui, do que me ficou, do que me marcou, das feridas que me ficaram.
Sobra-me a saudade daquele meu nome, do que me ficou por dizer, do que escolhi ser.
Sendo filho do nada deixa-me a letra do teu nome, do que procuro entre as almas penadas, entre o perdido e o achado, entre o teu nome e o meu.
Nas margens do rio que ainda não sou, sem vasos sanguíneos do que está lá, ou do que vai chegar, sei que te procuro e aqui sobra-me somente o nunca…
O que nunca cheguei a ser, e desejei ter sido!
Aonde nunca fui e desejei ter ido!
O que procurei sem nunca encontrar…
Sendo filho do nada
Fruto da vida
Alma rebelde em busca sem tempo
Sem corpo, com alma e com grito perdido entre a minha vida …E a tua!
Filho do nada que é nosso
Na terra do nunca que é somente tua….
Somos filhos da gente
Que ama e sente
Que canta e encanta em rastilhos de dor e mordaças
E nos deixa ser o que engana e mente
E faz de nós o que gente alente,
Restos de sonho
Rastos de esperança, alma que procura, o teu encontro na margem do rio
Cheia de luz
Coberta de esperança.
Sou filho do tempo
Em terras do nunca.
Joana sousa freitas