RELEMBRANDO A INFÂNCIA
Ia de mansinho caminhando pela vida
Reunindo as lembranças que jurava esquecidas...
E hoje então, em especial nesse dia,
Dei uma parada, relembrando a roupa alva
Que clareava na bacia...
Nas brincadeiras de nossa infância,
Enrolávamo-nos nos lençóis
Que bailavam com o vento no varal...
Sentindo ainda a aragem,
De longe, uma voz feminina
Que dizia que roupas limpas,
Não serviam de cortina...
E do apelido,
De cara de lua cheia
Que na época me doía,
Hoje fazemos graças...
Chamavam-me de lunática
Que vivia em outra esfera,
Por falar e dizer coisas
Do que menos se espera...
E hoje eu entendo,
O que queriam me dizer...
Acorde pra vida!
Você precisa amadurecer...
Eu era apenas uma irma,
Preocupante,
Debochada e atrevida,
Que fazia hora com todos,
Muitas vezes sem medidas...
Então meus irmãos
Que a infância nunca termine...
Hoje o pouco que nos reunimos
É o muito que nos une,
Nas lembranças que guardamos
Quando a vida ainda era menina...
Lembrei-me daquele dia que,
Escorreguei na grama verde,
E torci o tornozelo,
E vocês me socorreram
Com pedras de gelo...
E quando faltava luz
Assustávamos uns aos outros
Fingindo ter coragem
No clarão da lamparina...
Das brincadeiras de criança
Muitas vezes embora menina
Investíamos horas a correr como
Quem não tem tempo de parar para comer...
Agora meus irmãos,
Ajustando nossos ponteiros
Sentamos em volta da mesa
Relembrando as brincadeiras...
E fica a certeza
Que felicidade é ter historias para contar
Retomando a memória.