Capítulo do amor

Ama desde o nascer do sol até o seu ocaso.

Ama toda simpatia e toda beleza.

Ama a liberdade do voo das aves

e o ama o sonho das crianças perdidas.

Ama todo desejo incontrolado,

ama as figuras da alma vazia.

Ama o sossego da paz almejada

e ama o amor de um filho nascido.

Ama as margens de um rio poluído,

simplesmente por que ainda é rio.

Ama o rosto de todas as pessoas,

sem precisar gostá-las ou odiá-las.

Ama a reunião da tua família,

ama as respostas de teus irmãos

e ama o barulho de tua casa.

Ama tudo o que tens nas mãos.

Ama um repórter de um jornal qualquer.

Ama a história de qualquer país.

Ama as palavras de uma mulher.

Ama os sonhos de um grande homem.

Ama o barulho de um ônibus lotado,

ama o sustento do teu trabalho

e ama o padre da tua igreja.

Ama chegar o dia do teu salário.

Ama a capa, sem amar o livro;

ama o livro, sem amar a capa.

Ama a janela da casa do vizinho

e ama também a mulher do vizinho.

Ama o verde das folhas das árvores,

ama o marrom das folhas caídas.

Ama todo amor que nasce,

sem precisar querer amar,

posto que amor pode ser Eros,

pode ser platônico, ágape ou fogo.

Ama mesmo sem saber amar.

Ama a liberdade na contra-mão,

no peso, na leveza.

Ama tudo, mesmo que não conheças.

Ama o talento, a arte e a beleza.