EU SOU...



 
Sou aquela cuja sobra não aparece
Mesmo o sol estando a pino,
Sou talvez como a tarde silenciosa
Quando não se ouve se quer o cantar dos pássaros,
O silêncio é tamanho que não se ouve se quer
O pulsar do próprio coração.

Sou como um grito nas montanhas
Cujo eco não se consegue escutar,
Sou como uma noite de céu nublado
E fria, tão fria que até as estrelas
Se agarram umas nas outras para se aquecerem.

Sou como a madrugada silenciosa
Cujo silêncio é tão profundo que escutamos sua voz.
Sou talvez um amanhecer sem cor,
Porque o sol se esqueceu de despertar.
Sou talvez aquela que de tanto se buscar
Perdeu-se não sabe quem é, nem para onde ir
Ou quem sabe até mesmo aquela a quem a vida
Esqueceu que existo.