Do inexplicável da tristeza de todo dia
Tem dias que acordo com uma tristeza que sei que é apenas uma espécie de medo que não precisa de fundamento. Construo pacientemente os meus castelos de cartas e vem um vendaval desses aí, daqueles furiosos, de arrastar até os pensamentos. E de uma hora para outra há a consciência de que tudo tem de ruir. Acaba-se o que começa e até o que não se começa acaba. Se eu tivesse um pouco de esperança, diria que já a perdi por ora.
E é dessa coisa de querer que vem o medo. Dessa coisa de achar que pode querer, de querer poder querer até. E da distância de todas essas coisas é que se faz a tristeza, esta e aquela, a minha ou a sua, todas as tristezas e qualquer uma de cada dia.
Fecho os olhos, fecho a boca, fecho o peito, recolho as mãos, desvio o olhar, evito pensar, tento não ser, não ter, não querer, procuro esquecer ou não me importar, sei que dói e o que dói em minha dor é meu, mas dói e tenho que disfarçar. Ensaio os meus silêncios todos. Fecho os cadernos.
E me recolho das horas do dia, me escondo nas sombras dos instantes que passam despercebidos, fico à margem do tempo, fingindo que não o vejo passando. E assim recolhido eu me acho escondido, fico na ilusão de poder me ocultar da vida, do tempo, do mundo. Livre da vida que me carrega para a morte. E depois disso, tudo deve ser só silêncio e escuridão.
Cansa amar assim... e dói! E cansa doer assim.
No fim de tudo seremos sempre aquela bela história que não escrevemos. No fim de tudo, a vida que não vivemos, tanta beleza que não vimos nem vemos ainda, tanta força que não temos, todo o amor que ainda não sabemos.
No fim de tudo resta aquele mais insignificante gesto que não fizemos. Que não fazemos. E que talvez não iremos fazer. No fim de tudo haverá tudo o que não percebemos.
Eu não sei como é o deserto, mas sei que é deserto este vazio aqui dentro. É onde me encontro só, mais só do que na hora da morte. E é por aí que muitos se apiedam de mim, achando que é fraqueza essa força que trago. Ah! O que me mata não são as coisas serem tristes, mas sim eu saber olhar para elas. E eu não me livro dessa dor que sempre tive de poder ver.
E ali naquele momento eu disse tudo o que tinha que dizer. Porque veio subitamente. Veio como uma erupção violenta de um vulcão que nunca foi inativo.
Eu queria jogar fora todas essas coisas e seguir o meu caminho... Mas não posso!
Eu não queria precisar tanto ter sempre de dizer. Queria aprender muito mais do que já sei do silêncio que nunca fui eu que fiz.
Queria tanta coisa que fui aos poucos aprendendo a não querer mais.
Queria que quando me olhassem me vissem. Que quando me tocassem me sentissem. Queria ao menos existir de uma existência menos real. Que muitos sonhassem este meu sonho, comigo naquilo que sonho, naquilo que ponho à frente como que para puxar os escombros dos momentos que, quando olho, já passaram.
Tem dias que acordo com uma tristeza que sei que é apenas uma espécie de medo que não precisa de fundamento. Construo pacientemente os meus castelos de cartas e vem um vendaval desses aí, daqueles furiosos, de arrastar até os pensamentos. E de uma hora para outra há a consciência de que tudo tem de ruir. Acaba-se o que começa e até o que não se começa acaba. Se eu tivesse um pouco de esperança, diria que já a perdi por ora.
E é dessa coisa de querer que vem o medo. Dessa coisa de achar que pode querer, de querer poder querer até. E da distância de todas essas coisas é que se faz a tristeza, esta e aquela, a minha ou a sua, todas as tristezas e qualquer uma de cada dia.
Fecho os olhos, fecho a boca, fecho o peito, recolho as mãos, desvio o olhar, evito pensar, tento não ser, não ter, não querer, procuro esquecer ou não me importar, sei que dói e o que dói em minha dor é meu, mas dói e tenho que disfarçar. Ensaio os meus silêncios todos. Fecho os cadernos.
E me recolho das horas do dia, me escondo nas sombras dos instantes que passam despercebidos, fico à margem do tempo, fingindo que não o vejo passando. E assim recolhido eu me acho escondido, fico na ilusão de poder me ocultar da vida, do tempo, do mundo. Livre da vida que me carrega para a morte. E depois disso, tudo deve ser só silêncio e escuridão.
Cansa amar assim... e dói! E cansa doer assim.
No fim de tudo seremos sempre aquela bela história que não escrevemos. No fim de tudo, a vida que não vivemos, tanta beleza que não vimos nem vemos ainda, tanta força que não temos, todo o amor que ainda não sabemos.
No fim de tudo resta aquele mais insignificante gesto que não fizemos. Que não fazemos. E que talvez não iremos fazer. No fim de tudo haverá tudo o que não percebemos.
Eu não sei como é o deserto, mas sei que é deserto este vazio aqui dentro. É onde me encontro só, mais só do que na hora da morte. E é por aí que muitos se apiedam de mim, achando que é fraqueza essa força que trago. Ah! O que me mata não são as coisas serem tristes, mas sim eu saber olhar para elas. E eu não me livro dessa dor que sempre tive de poder ver.
E ali naquele momento eu disse tudo o que tinha que dizer. Porque veio subitamente. Veio como uma erupção violenta de um vulcão que nunca foi inativo.
Eu queria jogar fora todas essas coisas e seguir o meu caminho... Mas não posso!
Eu não queria precisar tanto ter sempre de dizer. Queria aprender muito mais do que já sei do silêncio que nunca fui eu que fiz.
Queria tanta coisa que fui aos poucos aprendendo a não querer mais.
Queria que quando me olhassem me vissem. Que quando me tocassem me sentissem. Queria ao menos existir de uma existência menos real. Que muitos sonhassem este meu sonho, comigo naquilo que sonho, naquilo que ponho à frente como que para puxar os escombros dos momentos que, quando olho, já passaram.