COMO O VENTO
No seu canto enquanto dorme
Tudo está a sossegar
Mas quando resolve acordar
nada fica sem mover
e em jardins e pomares
perfumes vai estender.
Os arvoredos balançam
ao seu simples despertar
e os pássaros buliçosos
começam logo a cantar
depressa saem voando
em busca dos frutos
que o sol e o tempo
tornaram doces e maduros.
Em forma de brisa
o vento chega e à rosa sussurra:
" De ti levarei o aroma mas
um dia eu volto cá , já que
agora não me podes acompanhar."
Outras tantas (rosas)
o esperam, não as pode
desprezar
Sou livre por natureza
carregando o que eu vejo
Folhas secas e aromas
vou levando com destreza
Até da musa que canta, a voz
eu vou arrastando
Para em murmúrios suaves
quem sabe ir alguém alentando.
.
Tal qual o vento que passa e
brando ou forte vem por fim
Sussurrando ou gritando, tu
também fazes assim
Vais passando com promessas
Sem destino correndo o mundo
Acabas esquecendo tudo o que
ficou para trás
E continuas fazendo sempre
só aquilo que te apraz.
Mas uma coisa daqui te digo
Não te fies tanto assim em
teus poderes de seduzir
Pois outro vento poderá vir e
deste jardim nunca mais sair.