E o dia dezenove?
Quando fui me deitar essa noite, sentia o sono pesando sob o meu corpo e cri que dormiria toda a noite. Depois de menos de duas horas de sonho, de repente, acordo. Percebo que me encontro na presença única de minha gata (que luta nesse instante com a caneta e morde o papel enquanto te escrevo, sendo mal educada). Faço minhas contas diárias, as mesmas que eu havia feito em absolutamente todos os dezoito dias. Hoje é o dia dezenove. Me surpreendo. Refaço o cálculo - sempre tive dificuldades em matemática, então me dou o direito de conferir novamente. Dezenove. Não há mais jeito. Os dezoito dias se foram e não mais voltarão. Não há ninguém no quarto ao lado. Quero dizer, até poderia ter, mas seria fruto unicamente de minha mente saudosa. Um sonho dentro de outro. Um sonho mais doce que outro sonho de doce de leite que tenho o hábito de comer. Não adianta agora, que eu acorde mais cedo e vá me deitar no quarto ao lado. Não poderei te abraçar. Nem poderei perguntar se sentirás saudades minhas e nem ouvir sua resposta "sim, muito" - mesmo que esteja falando dormindo. Não poderei pensar que a mão linda que pousou em meu braço foi sinal de fofura, quando, na verdade, você ainda dormia, todo fofo. Hoje é o dia dezenove. Passaram-se os dezoito. E agora, meu amor?