(Parte I)
Então na hora da morte

não me diga que devo sentir
                               [medo].

No horizonte pairam
pássaros em migração.
Escapo-me pelas noites
com pernas de grilo.
E por magia,
ausento-me do instante.

Estou a dezembros
de minha loucura.
Pois não escorre na janela 
o tempo, a esperança. 
Mas, sim a vida,
rindo-se dos temporais.

Quando mais,
tive cismas da existência?
Na infância, juventude ou
na torpe maturidade desvivida?
Agora, não importa!
Não tenho tolerância,
sequer de me tolerar!?!?
 
Apenas suporto a vida
nesta cidade distante.
E não me digam mais nada
dessas bobagens...
 
Que a morte, taciturnamente
ronda, e que por isso, devo
sentir medo.
Merda, eu não quero sentir medo!



Esta é uma obra de ficção, não expressa 
necessariamente a opinião do autor.