PRISIONEIRO DE TEU PRÓPRIO ALCATRAZ
Deprimo-te, por meu jeito cigano
De aceitar os enganos
Que a vida me trás...
Deprimo-te, por minha vaidade
A turbinar meu peito
Driblando a idade...
Deprimo-te, por escalar as montanhas
Que ao céu quase arranha
Em minhas fugas na busca de paz...
Deprimo-te, por meus falsos amores,
Que aquecem meu corpo
Nas noites mais frias
Que o inverno faz...
Deprimo-te, por minha liberdade
De voar sempre longe
Quando o que esta perto,
Já não me satisfaz...
Deprimo-te, por minha ânsia de vida,
Mesmo quando as feridas
Não cicatrizam, jamais...
Deprimo-te, por meus segredos
Que guardados a sete chaves,
Não te contarei jamais...
Deprimo-te, por viver minha vida
Como se fosse cada segundo
O ultimo instante de paz...
Deprimo-te, pois meu maior tesouro
São os cacos que tenho
Que com tua fortuna
Jamais compraras...
Deprimo-te, por viver sempre rindo
Mesmo quando tua tristeza
Bate-me a porta dizendo:
Não sorriras...
Deprimo-te, por acreditar
Que somos passageiros,
E que tudo que adquiristes,
Para outras vidas não levarás...
Deprimo-te por ter a certeza,
Que tudo que tens
Não te satisfaz...
Deprimo-te por olhar em teus olhos,
E enxergar que quando me renegas,
Estas a me admirar...
Deprimo-te, por achar as saídas,
Quando todas as portas se trancam
Como se eu fosses prisioneiro
De teu próprio alcatraz...
Por isso deprimo-te...
Albertina Chraim