PROSA NADA POÉTICA A RECOMPENSA
Dos tempos da escravidão
Uma história eu vou contar
Negro que fugido estava
Perseguido sempre era
E livre não podia ficar
Em qualquer canto da
mata poderia de repente
o capitão do mato encontrar.
Certo grupo de escravos
Da senzala escapou
Denso e cerrado mato
Sem tardança procurou
Um dos pobres coitados
Dos outros se desgarrou
E sendo tanta a fadiga
Ao perseguidor se entregou
Na fazenda ao chegar
Quis o feitor fazer graça
E prometeu que daria
De presente ao fugitivo
Uma garrafa de cachaça
Se no tronco ele aguentasse
Umas trinta chibatadas
Era o chicoteador
Mau em alto patamar
E de olho no presente
O escravo infeliz
Se deixava lacerar
Até que na vigésima nona
chicotada ele desiste e grita:
” Não quero presente nenhum!
Pode parar de bater
A garrafa de cachaça não
me importo de perder”.
Quanta gente tantas vezes
Como o pobre escravo faz
Depois de muito lutar
E tormentas suportar
Desiste do Ideal
somente um pouco
faltando para a
recompensa ganhar.