Os 107 anos de Ana Freire Gonçalves
É nada, é quase nada. São apenas 107 anos...
O que é isso diante do tempo?
É quase nada!
Não veio para vestir a opulência do mundo.
E muito menos para ser assediada pela
efemeridade das luzes.
Não sorriu o sorriso das estrelas que retratam
um mundo de facilidade e felicidade.
Outra era a sua missão.
Nasceu em fazenda: pai, mãe e 11 irmãos.
O tempo passou, mas os marcos e as pedras
da casa que a viu nascer, singela, permanecem
preservadas e o córrego, manso, mas vigoroso,
no pomar da casa, – o córrego que alimenta
o tosco monjolo para pilar milho desce
generoso, sereno, desce sem frustração
abençoando o caminho.
A vida só pode ser compreendida olhando pra trás;
Mas só pode ser vivida, olhando para frente,
diz o filoósofo.
Assim ela sempre fez, e, a exemplo dos girassóis,
seus olhos, embora cansados, continuam buscando
a luz, a luz que vem de Deus e ilumina a sua fé.
"A vida é uma brincadeira
Que se brinca sem brincar.
A vida nunca é pequena
Pequeno é nosso altar"
E brincando sem brincar, e embriagada de esperança,
Soube alcatifar, com linhas de amor, os seis filhos,
Na sua primitiva máquina de costura Singer.
Os netos vieram e ela estava perto e pronta para se dar...
Dentro dela existe um monjolo que pila,
incansável o milho,
E um córrego que corre desassombrado,
Levvando vida por onde passa.
Do barro e do sopro de Deus, o seu ser e suas mãos
de avó, ainda vigorosas, vestiram-se de labor.
Como o córrego que a viu nascer, deu-se por inteira
À nova prole, porque grande eras suas reservas
De vida e de amor.
Pequeno é o nosso altar...
A memória de minha infância me pede expressão,
E sussurra doces e verdadeiros versos.
"Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da virgem Maria,
Era uma santa escutando
O que a outra santa dizia".
Como sal e luz entrará para o teatro da história,
E pela beleza do amor, da fraternidade e da soberania
das rugas será lembrada por toda a eternidade,
Porque um dia estará "além, no absoluto,
No distante, onde a chama se separou da lenha,
A fulgir por si mesma na figura do infinito.
Roberto Gonçalves
É nada, é quase nada. São apenas 107 anos...
O que é isso diante do tempo?
É quase nada!
Não veio para vestir a opulência do mundo.
E muito menos para ser assediada pela
efemeridade das luzes.
Não sorriu o sorriso das estrelas que retratam
um mundo de facilidade e felicidade.
Outra era a sua missão.
Nasceu em fazenda: pai, mãe e 11 irmãos.
O tempo passou, mas os marcos e as pedras
da casa que a viu nascer, singela, permanecem
preservadas e o córrego, manso, mas vigoroso,
no pomar da casa, – o córrego que alimenta
o tosco monjolo para pilar milho desce
generoso, sereno, desce sem frustração
abençoando o caminho.
A vida só pode ser compreendida olhando pra trás;
Mas só pode ser vivida, olhando para frente,
diz o filoósofo.
Assim ela sempre fez, e, a exemplo dos girassóis,
seus olhos, embora cansados, continuam buscando
a luz, a luz que vem de Deus e ilumina a sua fé.
"A vida é uma brincadeira
Que se brinca sem brincar.
A vida nunca é pequena
Pequeno é nosso altar"
E brincando sem brincar, e embriagada de esperança,
Soube alcatifar, com linhas de amor, os seis filhos,
Na sua primitiva máquina de costura Singer.
Os netos vieram e ela estava perto e pronta para se dar...
Dentro dela existe um monjolo que pila,
incansável o milho,
E um córrego que corre desassombrado,
Levvando vida por onde passa.
Do barro e do sopro de Deus, o seu ser e suas mãos
de avó, ainda vigorosas, vestiram-se de labor.
Como o córrego que a viu nascer, deu-se por inteira
À nova prole, porque grande eras suas reservas
De vida e de amor.
Pequeno é o nosso altar...
A memória de minha infância me pede expressão,
E sussurra doces e verdadeiros versos.
"Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da virgem Maria,
Era uma santa escutando
O que a outra santa dizia".
Como sal e luz entrará para o teatro da história,
E pela beleza do amor, da fraternidade e da soberania
das rugas será lembrada por toda a eternidade,
Porque um dia estará "além, no absoluto,
No distante, onde a chama se separou da lenha,
A fulgir por si mesma na figura do infinito.
Roberto Gonçalves