Sem-tetos
Estão cobertos, os jornais escondem seus corpos desgastados
e as palavras descritas, serve-os de cobertor.
Transcritos no corpo se abrigam com a injustiça.
E eu, os escrevo em vão, por ser cúmplice da dor.
Egoístas caminham entre eles e não olham aos olhos,
os dizem sem teto, os fazem sem chão.
Como se não bastasse o frio, que os congela ao anoitecer,
nas ruas famintas do pavor.
Os pergunto da fé, a alguns que seguem preceitos.
Gritam, propagando palavras, mas negam um pão?
Desgraças nas ruas, dores nos becos, frio, escuridão.
Religiosos ou não, seres nomeados racionais.
Hipócritas, famintos, malditos humanos, idôneos.
Malditos nos somos.