"Ão"
Vão
Mas não tão em vão assim, estão meus olhos marejados de tristeza branca, iluminada, certamente pelo fato de estar longe dele já por muito tempo. Então sofro com uma saudade que dói, no intuito insano de tele-transportar-me pra onde ele estiver apenas com a simples força do pensamento.
Ilusão
Diferente de tudo que eu podia imaginar, e pensar, que fosse, se não fosse tão bom assim. Meu presente, minha dádiva, da qual talvez tenha precisado praticar inúmeras “boas-ações” em inúmeras encarnações diferentes pra ser merecedor.
Chão
Que fico sem, quando seu chorinho substituto judia-me, fazendo-me clamar ao Pai: “-Transfira seu pesar pra mim, oh Deus...” ou pelo menos divida ele comigo, pois toda dor em mim não será maior do que vê-lo chorar sem nada poder fazer.
Emoção
Sentida pela última vez que o vi, quase agora... agora... agorinha... um espio e lá está ele dormindo feito anjinho sem asas ou auréola, sem dentes ainda, mas que parece sonhar rindo sua banguela, e tremelicando seus cílios desproporcionais aos olhinhos de neném.
Coração
De sentido, ora, diferente de simples órgão vital, que ganha significando que, agora então, faz sentido, pois a abstração de todos os bons sentimentos que são retidos daqui, canalizados, e mandados pra lá, então filtrados e mandados de volta.
João
Em nossa língua de Juan, que representa os anseios da alma na tão desconhecida e pouco praticada numerologia. Que também é Bíblico. Que veio, por intermédio de ação celestial, ser representante grandioso, embora miúdo, de uma vida miúda ora antes sem conteúdo.
Paixão
Te conheci oh! misterioso sentimento, em plenitude e verdadeiramente no verão, estação que tu chegaste, fazendo-me acordar e entender que antes, toda minha crença era mera ilusão, e que o tempo é senhor pra quase tudo, mas tão insignificantemente incapaz de modificar um amor quando este é forte, puro e grandiosamente verdadeiro.
Quarentão
Você... oh meu filho! Daqui a 4 décadas, caso tudo corra bem, ligando-me em busca de tranquilidade, conforto e segurança, repetindo seu próprio gesto de, daqui a 4 anos, quando, após sonho ruim, você levanta no meio da noite, caminha até meu quarto, e me fala com voz falha: “-Papai... preciso de você...”, antes de desligar o telefone digo: “-Pode dormir aqui querido e amado filho...” Repetindo o gesto que eu simplesmente fizera com meu pai 4 dias atrás.
Então
Eis que tudo passa a fazer sentido, e aquele velho e corriqueiro “sim ou não?” resposta quase sempre “meio a meio” à quase todos os dilemas da vida, não encontrada nem em meio a nossa vã filosofia, desvenda-se, tornando-se a resposta mais fácil entre todas as coisas fáceis de entendimento da nossa humilde e franca existência...
Quão
Grande pode ser um amor? Não se sabe pois ele é imensurável e sempre será, mesmo com toda diferença entre os seres. Mas... enfim... Existe amor a primeira vista? Cai o dilema...
Não
Reposta errada! Ele existe pra mim...
Aconteceu em quatro do quatro. O ano era este.
Dia em que você nasceu, e eu, felizmente, com saúde concedida por Deus, e alguma força estava lá presente e pude testemunhar tua chegada...
Sim! Existe amor a primeira vista...
a ti Juan
meu filho
com amor...