Seu João desce
a ladeira meio triste até o largo,
onde está a velha praça 
                              (de seu bairro).
Bairro, onde nascera
e fora criado.
Senta-se num banco,
põe-se a pensar
retornando ao passado:

- Como era lindo,

os tempos de minha infância...
Hoje adulto,
e como sempre (cercado),
pelos limites do meu bairro,
pelas fronteiras de meu raciocínio,
que me prendem sempre a este bairro.

Aqui cresci, namorei,casei, criei filhos.

Filhos que já casaram,
e se foram, levando meus netos.
Uns até, sem casar.
Outros até, para nunca mais voltar...

Hoje velho, solitário, viúvo,
                              (vivo amargurado).
Preso aos limites das paredes do meu quarto,
e à fronteira invisível do limiar do meu bairro.

Filhos, pra que os fiz?
Mulher, por que fostes morrer?
João, por que continuas a viver?
Quero um trago!
Essa rotina incomoda e mata.
De manhã meio triste, acordo,
desço a ladeira, penso...
Tomo uns tragos,
até a noite, quando volto
aos limites do meu quarto...
Extravasando angústia
nas fronteiras de meu bairro,
                           
        até o sol raiar...

Até deus lembrar, de um dia me levar.
Pois tá na hora, de João
se  A P O S E N T A R !


                                                (In memoriam a meu pai Ney Pereira Casado que
                                                               por quase 30 anos, foi Assistente Social do INSS)