NÃO HÁ QUE TEMER A PALAVRA
Não há que temer o escritor a palavra. Ela que do ofício dele é instrumento, arma de combate ou defesa, pá e semente, foice e martelo como do operário em construção, também é grão no árido solo arenoso, na terra movediça ou no fecundo chão da mente que dá à semente o florescer das ideias.
Guardião do pensamento que da mente é vão, que o escritor não deixe a palavra escapar-lhe da mão. A palavra escolhida, como catado o feijão no alguidar do João, nasceu da “última flor do Lácio” e veio do além-mar com outro Cabral para a brasileira Nação.
Não há que fugir o escritor a palavra lâmina, faca amolada, facão, mas também diamante, azimute, buril, ponte, pássaro canoro, azulão, gritos, gemidos e onomatopeias das grutas, fontes e cascatas, farfalhar de folhas verdes sobre os montes, vento agitando palmeiras n’alvas areias à beira das praias solitárias. O ar, a soprar um som nos lábios do mar, assobia arrepiando as ondas a lamberem a pele da raça brasileira.
As palavras, tal como estrelas no céu, perpassam nuvens e vêm as ondas do mar iluminar, caem sobre o papel com leveza e clareza de pluma ou boiam como espuma numa frase bruma.
O escritor tem a palavra na língua. Antes escrevê-la do que mordê-la. Cada palavra, com sua lima ou seu ímã, dá ao escritor a forma corrosiva ou construtora, repulsiva ou atraente ao rabiscar ou poetizar o pensamento.
(Hermílio).
Brasília-DF, 24/8/2013
__________
Entre alguns poemas de Cecília Meireles que foram musicados, este (CANÇÃO) é para mim o mais belo, interpretado pela eterna "Voz de Portugal", com o título de NAUFRÁGIO.
Ouçam-na clicando no link abixo>
http://www.youtube.com/watch?v=7s66FLIgRTY
Não há que temer o escritor a palavra. Ela que do ofício dele é instrumento, arma de combate ou defesa, pá e semente, foice e martelo como do operário em construção, também é grão no árido solo arenoso, na terra movediça ou no fecundo chão da mente que dá à semente o florescer das ideias.
Guardião do pensamento que da mente é vão, que o escritor não deixe a palavra escapar-lhe da mão. A palavra escolhida, como catado o feijão no alguidar do João, nasceu da “última flor do Lácio” e veio do além-mar com outro Cabral para a brasileira Nação.
Não há que fugir o escritor a palavra lâmina, faca amolada, facão, mas também diamante, azimute, buril, ponte, pássaro canoro, azulão, gritos, gemidos e onomatopeias das grutas, fontes e cascatas, farfalhar de folhas verdes sobre os montes, vento agitando palmeiras n’alvas areias à beira das praias solitárias. O ar, a soprar um som nos lábios do mar, assobia arrepiando as ondas a lamberem a pele da raça brasileira.
As palavras, tal como estrelas no céu, perpassam nuvens e vêm as ondas do mar iluminar, caem sobre o papel com leveza e clareza de pluma ou boiam como espuma numa frase bruma.
O escritor tem a palavra na língua. Antes escrevê-la do que mordê-la. Cada palavra, com sua lima ou seu ímã, dá ao escritor a forma corrosiva ou construtora, repulsiva ou atraente ao rabiscar ou poetizar o pensamento.
(Hermílio).
Brasília-DF, 24/8/2013
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Entre alguns poemas de Cecília Meireles que foram musicados, este (CANÇÃO) é para mim o mais belo, interpretado pela eterna "Voz de Portugal", com o título de NAUFRÁGIO.
Ouçam-na clicando no link abixo>
http://www.youtube.com/watch?v=7s66FLIgRTY