Pássaros na gaiola
A gaiola era montada com diapasões
Tudo acusticamente era percussão
Para momentos líricos vinha a lira
E para saudar os anjos, os banjos
Trinava chorinhos para saudades
Para indecisos trevos, tinha o frevo
Afinava o galo para acordar manhãs
Acompanhava tosses da febre terçã
A sombra das grades era partitura
Onde entrava o sol e vazava o bemol
Cárcere compondo trilhas sonoras
Canário belga, pintassilgo ou rouxinol
Em coro dobravam mil vezes seu choro
Paravam para ouvir no mamoeiro
O laico, mas livre, cantar do sabiá